Desde dezembro de 2019, a expansão do novo coronavírus vem alarmando o mundo e causando uma mudança no comportamento das pessoas.
E dos meses em quarentena da população, aliados ao esforço dos profissionais ligados à Saúde e à Informação, a tendência é que novos hábitos sejam implementados. Uma nova rotina em uma nova era. Dessa transformação, novas profissões irão surgir.
Para a publicitária Marina Rejman, pós-graduada em marketing pela UC Berkeley, nos Estados Unidos, o drama do coronavírus simboliza o epílogo de um tempo em que o desenvolvimento tecnológico vinha se impondo sobre tarefas em que o trabalho humano já não era tão eficiente, inclusive na questão sanitária e de prevenção de doenças.
“Em época de coronavírus, agora vai crescer muito a reinvenção de diversos serviços, para atender aos pedidos das pessoas por delivery e on-line. Fundamental atender bem às necessidades específicas de seus clientes. O foco agora será ainda maior no ser humano e na prevenção. De modo geral, cada profissão deve refletir sobre como melhor atender aos outros seres humanos”, ressalta a especialista, que mantém o canal Sala de Cultura, no YouTube.
Tecnologia, neste sentido, significa também higiene e assepsia e impõe ao ser humano a necessidade dele desenvolver o que tem de melhor em relação a uma profissão: a criatividade e os sentimentos.
“Nos últimos anos, vimos grande crescimento de profissões relacionadas a tecnologia, ciência e meio ambiente. Se estas já eram as profissões do futuro, com o desafio do novo coronavirus a importância delas também acelera vertiginosamente. Recursos para pesquisas (inclusive para a descoberta de vacinas e estudos sobre vírus) e parcerias entre institutos de diferentes países vão se intensificar, agora que surgiu um item de interesse universal”, destaca.
Atividades ligadas à Telemedicina, apesar de já existirem, poderão ser regulamentadas em vários países, criando-se assim uma nova profissão formal, segundo Marina. Telemedicina consiste na utilização da tecnologia ligada a meios de comunicação para passar informação e cuidado médicos a pacientes e profissionais de saúde que estão em outros locais.
“Já existem tecnologia e iniciativas implementadas na Telemedicina, mas em muitos países a regulamentação limita muito ainda esta atividade. Legisladores têm que agora revistar este assunto, para que a Telemedicina seja opção em muitos casos, que ajude os pacientes, sem sobrecarregar o sistema de saúde”, ressalta.
Segundo ela, outras profissões certamente terão um desenvolvimento acelerado a partir da pandemia tais como desenvolvedores e operadores de drones; profissionais de logística e especialistas em e-commerce (comércio eletrônico).
Consumidor universal
A própria corrida para a descoberta de uma vacina contra o novo coronavírus é uma mostra de que as fronteiras entre os países se abriu neste sentido.
Mais importante do que o descobridor da fórmula, será a distribuição do produto para o mundo inteiro, já que os consumidores ganharam um caráter universal, no momento menos mercadológico e mais humanitário pelo qual a globalização já passou.
Além disso, o mundo digital terá um incremento cada vez maior. Que deverá permanecer após o fim da pandemia, segundo a especialista.
“O efeito imediato do coronavirus é uma grande guinada para o Mindset (estruturação do pensamento) Digital. Esta acelerada irá transformar a forma como muitas pessoas trabalham para o momento e provavelmente, muitos dos aprendizados e novos costumes, podem permanecer para sempre”, afirma.
Ela lembra que, com a pandemia, muitos processos foram intensificados. Escolas e professores, por exemplo, foram desafiados a mergulhar rapidamente nas tecnologias e sistemas de ensino a distância.
“Alunos, que só utilizam seus celulares para mídias sociais, agora passam horas participando das aulas on-line não só assistindo os videos, mas interagindo graças a ferramentas digitais”, diz.
Profissionais do futuro
Ela ressalta que, com a ampliação massiva do trabalho em casa (home-office) por causa do vírus, muitos trabalhadores terão mais tempo para se dedicarem a questões pessoais e se desenvolverem melhor como profissionais, reduzindo o nível de estresse e aprimorando também as relações humanas.
“Características antes listadas como dos ‘profissionais do futuro’, estão sendo desafiadas para o momento: foco, organização, trabalho em equipe, criatividade, resolução de problemas complexos, todas agora aceleradas e intensificadas com o trabalho remoto.”
Profissionais de áreas como psicologia também terão de se reinventar, para continuarem trabalhando:
“Psicólogos realizando suas sessões com os pacientes pelo celular ou computador, com chamada de video por WhatsApp, FaceTime, Skype e outros. O mesmo para professores de linguas e até mesmo professores de ginastica”, observa.
E, por fim, ela acrescenta que o próprio mercado de trabalho ligado à tecnologia terá de se tornar cada vez mais dinâmico e eficiente.
“Se já existia uma grande demanda no mercado por programadores de aplicativos, agora a necessidade ainda é maior, pois diversos negócios terão que ampliar ou criar suas plataformas de serviços on-line. O desafio é também grande para os profissionais de TI das empresas, com o papel fundamental de garantir que agora sua rede suporte toda a nova carga de demanda.”